Assembleia da República aprovou desagregação das freguesias de Ponte de Vagos, Santa Catarina, Vagos, Santo António, Fonte de Angeão e Covão do Lobo
A Assembleia da República aprovou, a 17 de janeiro, a desagregação de 135 uniões de freguesia, que vão dar origem a 302 novas freguesias. E, dessas, seis situam-se no concelho de Vagos: Ponte de Vagos, Santa Catarina, Vagos, Santo António, Fonte de Angeão e Covão do Lobo. A eventual separação acontecerá na sequência de um projeto de lei conjunto de PS, BE, PCP, Livre e PAN, que levou à abstenção do Chega e a votos contra da Iniciativa Liberal. Mas ainda falta o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgar ou vetar o documento. Expectantes com a decisão, que deverá ser conhecida ainda este mês de janeiro, os autarcas vaguenses falam na “devolução de identidade” das freguesias em causa.
“O que traz de benéfico é que vai devolver às freguesias aquilo que já lhes pertencia. É devolver o seu a seu dono”, sublinha ao Eco de Vagos Albano Gonçalves, presidente da União de Freguesias de Fonte de Angeão e Covão do Lobo, uma das três que nasceram no concelho há mais de 12 anos, na sequência da chamada “lei Relvas”, que reorganizou administrativamente o território. “É mais por uma questão de identidade, pelo que as pessoas já trabalharam para aquilo que é Fonte de Angeão e para aquilo que é Covão do Lobo”, explica o autarca, frisando que o trabalho, por parte dos executivos que lideraram a freguesia nos últimos anos, “continuou tal e qual, como se de uma única freguesia se tratasse”.
“Voltar às raízes”
Marisa Silva, presidente da União de Freguesias de Ponte de Vagos e Santa Catarina partilha da opinião: “O maior benefício, efetivamente, é a retoma da individualidade de cada uma das freguesias, que podem voltar às suas raízes. Falamos de freguesias bastante diferentes, com raízes culturais, identidade e história diferentes e que querem manter-se com essa diferença”.
Para a autarca, na prática, a população não vai sentir grandes alterações. Mas isso deve-se, no seu entender, “à política dos executivos, que mantiveram sempre em funcionamento os dois edifícios [em Ponte de Vagos e em Santa Catarina”. “A população nunca sentiu a agregação como ela deveria ter sido. Caso lhes tivesse sido tirado um posto de atendimento, por exemplo, sentiriam. Mas, como se manteve tudo essencialmente igual, agora, com a desagregação, também não vão notar grandes alterações”, refere.
Ainda assim, Marisa Silva refere que, ao longo destes mais de 12 anos, “a população nunca se esqueceu da agregação”. “Tanto que era um dos nossos motes, do meu e dos executivos anteriores, de tentarmos a separação mal houvesse essa possibilidade. Por isso é que fizemos o pedido”, adianta.
Mas para a desagregação das freguesias ser uma realidade, falta o “sim” de Marcelo Rebelo de Sousa. O Chega já pediu o veto e a Iniciativa Liberal solicitou uma reunião, para explicar ao presidente da República o seu voto contra. Fernando Julião, presidente da União de Freguesias de Vagos e Santo António, ainda não está certo das intenções de Marcelo Rebelo de Sousa e é por isso que prefere deixar para mais tarde os comentários sobre a desejada desagregação. “Enquanto ele não disse o ‘sim’, não confio. Estou confuso quanto ao que o presidente da República falou, por isso vou aguardar”, deixa claro o autarca vaguense.
S.F.