Cantinho de João Ferreira
Foi num sábado de manhã que eu, João Ferreira, fui com o meu neto Tiago, a sua esposa Ana, e a minha cunhada Alda (irmã da minha esposa Maria Lina, finada vai para dez anos, algo que quero ressalvar no final deste artigo) ao Salão Nobre do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, assistir às celebrações do Dia Mundial da Saúde Mental. O Salão estava repleto de pessoas: tanto profissionais de saúde, como auxiliares, como utentes. Houve, primeiramente, uma apresentação do evento, bem como dos primeiros oradores, dos quais o mais importante foi o meu neto, pelo seu cargo de Presidente da Direção da Associação de Arte e Saúde Mental (Sem Fins Lucrativos): Uma Alma Sã.
Sentado perto da minha cunhada Alda Moreira e a minha neta por afinidade Ana Pataca, ouvi o meu neto apresentar aos demais presentes, a dita associação, os seus objetivos e esperanças. Ouvi também a Sofia Melo, a cantar uma adaptação do poema de Joaquina Lacerda Leite sobre o que é viver com transtorno Bipolar, bem como o Pedro Pisa e a Adriana Capela a discursarem sobre este projeto que fará, pelo povo da nossa região, um trabalho que lhe falta: cuidar de quem sofre com problemas psiquiátricos. Seguida esta interação, houve uma mesa redonda, com três oradores: Dr.ª Ana Cristina Lopes, Dr.ª Maria da Luz Fonseca, e Dr. Steven Gouveia, com moderação do psiquiatra que seguiu a minha esposa aquando da sua doença prolongada, Dr. João Alcafache.
Durante a Apresentação e Mesa Redonda, houve a projeção de Texto, Imagens e Vídeo na parede, com tópicos referentes ao assunto: lembro-me do exemplo do mote para mesa redonda: “Não querer é poder”, frase de Fernando Pessoa, via Bernardo Soares, um dos seus heterónimos. E muito deu que falar este “meio-incipit”, pois o que não foi revelado, é que esta frase seguia outra: “A renúncia é a libertação.”. Houve também menção ao grande Psicanalista António Coimbra de Matos, falecido há quatro anos, com a mesma idade que tenho hoje.
Terminando com um episódio mais recente, neste dia 2 de novembro (Dia de Finados), fui prestar a homenagem anual à memória da minha esposa, que como acima referi, já me falta vai para dez anos. E foi assim: saí de casa em direção ao Restaurante Ferradura, com intuito de fazer o caminho até ao cemitério de Soza a pé, mas chegado ao centro de Vagos preferi ir de táxi. Já no cemitério de Soza, e acompanhado novamente do meu neto e cunhada Alda, a estes juntavam-se uma outra cunhada: Luísa, bem como a sua filha Paula. Assistimos às cerimónias e despedi-me novamente da minha querida esposa. Na volta, marchei até ao Restaurante Rampinha onde almocei com o meu neto, sendo que a minha primeira nora me trouxe de volta ao centro de Vagos.
Foram dois dias bons, ambos em torno de algo que faz sentir tristeza.
João dos Santos Ferreira