“Um estudo da Universidade da Pensilvânia, no qual pessoas com um declínio cognitivo precoce foram acompanhadas durante oito semanas, demonstrou que a prática de ioga/meditação contribuiu para iniciar a reversão da perda de memória e reduzir a ansiedade, dois dos marcadores do início da Doença de Alzheimer.” (in Cadernos Técnicos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Saúde e Envelhecimento, publicação de dezembro de 2019)
Há mais de 5000 anos, algures na Índia, surgiu o yôga, Shiva, famoso bailarino, improvisou alguns movimentos instintivos, muito belos, lindíssimos, era algo que vinha de dentro, espontâneo, do seu coração. Esta arte ganhou o nome de integridade, integração, união, em sânscrito, yôga. Pôde chegar até nós graças ao trabalho feito, ainda hoje, e ao longo de milénios, por mestres e discípulos que se dedicam à expansão desta nobre filosofia de vida.
Há muitos tipos de yôga, na Santa Casa da Misericórdia de Vagos praticamos Swásthya, temos uma colaboradora formada pela Universidade de yôga do Porto, do Método DeRose e, desde 2018, que os idosos da ERPI têm acesso a esta prática todas as semanas.
Swásthya significa auto suficiência, saúde, bem estar, conforto e satisfação. O Swásthya é um tipo de yôga muito completo, constituído por 8 técnicas sendo a oitava a meditação. Aquilo que fazemos é, obviamente, uma prática adaptada às capacidades, necessidades e limitações de cada um. Por ser de origem desrepressora/tântrica, dá-nos toda a liberdade e flexibilidade de executarmos a sua versão heterodoxa, ideal para o trabalho com este tipo de população.
Na nossa casa já há “tradição” desta atividade, todas as quartas feiras, naquela sala especial, com luminosidade, conforto e música adequada, reunimo-nos em boa companhia, para desfrutarmos, sobretudo de cada um de nós, é o momento de estarmos connosco próprios, de caminharmos na expansão da nossa consciência, do autoconhecimento. A boa energia gerada, ao longo da prática, a todos beneficia, as duas primeiras técnicas induzem-nos ao recolhimento e à ligação com as origens do yôga que praticamos. A execução dos mantras, além de nos proporcionar todos os benefícios associados à vibração gerada pela vocalização dos sons e ultra-sons, ainda nos enche a sala de alegria e boa disposição. As técnicas respiratórias, pránáyáma, elevam os níveis de oxigénio no nosso organismo, dos quais dispensamos a descrição de benefícios, ampliam a nossa consciência através da indução à consciência respiratória e incitam, por isso, à atenção plena. O ásana, posição física, é, obviamente, a mais adaptada de todas as técnicas, dado que estamos perante pessoas com grandes limitações físicas, no entanto, revela-se muito “poderosa” uma vez que é feita com um trabalho de dentro para fora, proporcionando uma ampliação da consciência corporal, tão importante na prevenção de acidentes e no “domínio” da dor física. Yôganidrá, o tão desejado relaxamento, chega logo depois do trabalho físico, um momento de paz, um instante de tranquilidade, em cadeira de rodas, cadeirão, cada um desfruta e usufrui desta técnica que, além de tudo, nos permite consolidar o desenvolvimento e a evolução feitos até aqui. Chega, para terminar, “a cereja no topo do bolo”, a meditação, no Swásthya tudo se encaixa na perfeição para culminar no grande momento de meditação, o ser humano é sempre visto como um todo e aqui tem oportunidade de vivenciar, de facto, mais um passo no seu recolhimento, no encontro consigo próprio, no experiênciar do seu verdadeiro ser, no aqui e no agora esse encontro que nos traz paz, uma paz profunda, serenidade, uma serenidade profunda, bem estar, um bem estar profundo, que nos sabe tão bem, que nos deixa “colados”, nem nos apetece sair, ficamos no verdadeiro estado ZEN, tão prazeroso, tão delicioso, leves, livres.
Namasté!
Estrutura Residencial para Pessoas Idosas