Ao longo dos meus 47 anos de vida, deparei-me com vários obstáculos, muitas alegrias, imensas desilusões, poucas paixões, alguma tristeza… como qualquer ser humano. Em cada momento menos bom, foram vários os “porquês” que cintilaram na minha cabeça, para os quais sempre tentei de uma forma ou de outra obter uma resposta.
Certo dia estava, eu, com o meu grupo de catequese, quando um adolescente de 14 anos, marcado por uma profunda história de vida, (cresceu numa família desestruturada, vive uma vida de sofrimento pessoal, tem sempre uma grande carga de negatividade, tem muitas dúvidas existenciais), me questionou: – “porque é que eu nasci”?
Conhecendo, eu, muito bem o contexto familiar daquele adolescente (acorda todos os dias às 6h, dá comer aos animais – cabras, porcos…, etc…, dá o pequeno almoço aos irmãos, ajuda-os a vestir, vai para a escola, completamente contrariado, e, quando regressa a casa da escola tem diversas atividades domésticas para fazer…. em poucas palavras, perante tantas dificuldades, ele, com apenas catorze anos, assume que é o Homem da casa…), esta questão deixou-me particularmente inquieta e até assustada. Não é normal, alguém de tão tenra idade ter este tipo de questões/observações/pensamentos.
Claro, que, aproveitei a pergunta do adolescente, para lançar a questão a debate e ver a sensibilidade de cada um. Entre muita divagação, opiniões pessoais ou mesmo ideais, uma certeza todos tinham,
Nasci, porque….
- “os meus pais quiseram”, resposta típica de quem é adolescente, e não está para se cansar muito, com pensamentos profundos. Mas fiquei contente, todos sentiam que foram desejados.
O que levou a uma outra questão,
Nasci, para …. - “Viver”!!! também considero uma resposta típica de um adolescente, que a única coisa que importa é ele próprio. Mas desta vez, aprofundaram um pouco mais.
Concluíram que, a vida é uma jornada, repleta de momentos preciosos que merecem ser vividos. É uma estrada incerta, sabemos onde começa, mas não sabemos onde termina.
A vida são só momentos que não voltam a passar, não se repetem, por isso não devemos perder tempo, pois só vivemos uma vez. Devemos viver com paixão, compaixão e gratidão. Viver é bom, é uma dádiva!
Eu acrescentaria,
Nas 24 horas que nos são concedidas, por dia, devemos encontrar a coragem para amar intensamente, a sabedoria para aprender incessantemente e a gratidão para apreciar as pequenas maravilhas.
Num mundo muitas vezes marcado por desafios, cultivar a esperança é uma escolha poderosa. Acreditar na possibilidade de um futuro melhor é o que alimenta a mudança. Cada ação, por menor que seja, pode contribuir para transformar a trajetória do nosso percurso. Tenhamos alegria de viver.
A alegria de viver reside na apreciação dos pequenos tesouros do quotidiano. Encontramos essa alegria ao abraçar o outro, ao contemplar um pôr do sol ou ao sentir a brisa suave. Viver com alegria é reconhecer que, mesmo havendo desafios, há oportunidade de crescimento. Assim, cada dia é um presente.
Já que tivemos a chance de vir a este mundo, abracemos a oportunidade com gratidão e atitude. Cada dia é uma página em branco, uma tela em que podemos pintar as cores da nossa própria existência. Cultivemos relações que enchem o coração, busquemos conhecimento que alimente a mente e encontremos maneiras de contribuir para o bem-estar do mundo ao nosso redor.
A nossa presença aqui, é efémera, mas o impacto que deixamos pode ecoar por gerações. Que cada escolha que façamos reflita que a vida é uma oportunidade única.
Terminaria dizendo aquilo que acredito,
Nasci para …. SER FELIZ!
Susana Gravato