O Cantinho de João Ferreira
Neste número de Novembro vou tentar falar um pouco do futebol do passado bem como do moderno. Coisas de que a juventude que lê o Eco de Vagos não pode ter conhecimento. Começarei por falar de um jogo entre o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Portugal há cerca de vinte anos. O Benfica, que já levava onze épocas de vitórias no antigo Estádio da Luz contra os leões, perdeu nessa partida por quatro a dois, contra o Sporting, todos os golos marcados por Lourenço.
Noutros jogos, o Sporting Clube de Portugal venceu a Taça das Taças em dois jogos, o primeiro contra Apoel de Chipre, em que venceu ambas as mãos, no mesmo estádio: na primeira marcou dezasseis, tendo apenas sofrido um golo; já na segunda mão, não recordando o resultado exato, lembro de ter sido um jogo mais parcimonioso. Na mesma competição pela Taça das Taças que o Sporting venceu, viu-se derrotado em Inglaterra pelo Manchester United, quatro a um, tendo no segundo jogo vencido por cinco a zero.
Se formos a observar o que se passou em tempos presentes com a seleção Portuguesa, foi que a mesma foi apurada sem sofrer qualquer derrota ou empate, caso único até à data. Tendo feito também o que se pode considerar a maior goleada da nossa seleção, Portugal venceu o Luxemburgo por nove a zero ainda na fase de apuramento para o Europeu de 2024.
No futebol do passado, no entanto, quando a equipa portuguesa era formada totalmente por jogadores “amadores”, foi goleada pelo menos em três ocasiões. A primeira num jogo amigável contra a Espanha realizado no Porto, no estádio do Lima, tendo sofrido nove golos sem resposta, na altura cantava-se assim: “A seleção trabalha / como eu quero / Agora é que não falha: / Nove a Zero // Alecrim do Norte / Não te faças tolo / tens o pé tão forte / mas não metes golo! // Qualquer tentativa / É pura ilusão / Queres ganhar o jogo / Com bolinhas de sabão // Sai a quem é torto / Viva o sol em brasa / Quem tem “massa” vai ao Porto / Quem não tem fica em casa / A Maria Rita / Hoje ressuscita / Para ver o desafio / Com um grãozinho na asa!”. A segunda ocasião decorreu quando a seleção inglesa, onde jogava o recentemente falecido Stanley Mateus, goleou a nossa por dez a zero. A terceira ocasião eliminou a nossa seleção do campeonato europeu em Madrid contra a Espanha, novamente nove a zero.
Ainda recordo perfeitamente, com os meus mais de noventa anos, a primeira vitória contra a Espanha em 1947: quatro a um, dados pela equipa que era a seguinte: os defesas, Cardoso e Feliciano; o meio-campo, Amaro, Francisco Ferreira e Serafim; Jesus Correia, Araújo e Peyroteu; e os pontas-de-lança Travassos e Rogério; sendo o guarda-redes Capela. Na altura havia mulheres que vendiam versos pelas ruas e mesmos cantavam a seguinte quadra: “Os espanhóis já levaram o que contar / E agora já não fazem “fum fum fum” / Os portugueses para eles “se contentar” / Tiveram pena e só lhe deram quatro a um.”
Vamos colocar neste trabalho, uma foto antiga extraída de um caderno do jornal desportivo “O Record” em que se vê as equipas desse tempo a jogar literalmente na rua, entre prédios e casas.
João dos Santos Ferreira