DESPORTO

Programas de Férias Desportivas

Sisters in protective sports uniforms are sitting resting after roller skating

As férias escolares
Em junho terminou um ano letivo, iniciando-se o novo ano escolar muito recentemente, em 15 de setembro. Entre estes dois momentos, decorreu o período de férias escolares que, para os alunos, varia entre 2 meses e meio e 3 meses, porque o ano letivo termina em momentos distintos (entre o início de junho, para os alunos do ensino secundário e final desse mês, para alunos da educação pré-escolar e 1º ciclo). Existe, ainda, a questão dos exames finais, recentemente reduzidos às disciplinas de acesso ao ensino superior e que abrange apenas o ano terminal, com cada vez menos alunos.
As férias são um direito de todos e corresponde a um período de descanso temporário de um mês, no final de um ano de trabalho, por forma a permitir a recuperação para um novo ciclo.
Efetivamente, manter crianças e jovens em casa, durante 2 meses e meio a 3 meses, normalmente sem acompanhamento familiar (os pais trabalham e as suas férias, quando existem, são mais curtas), constitui um problema e uma preocupação para as famílias. Onde os deixar? Com quem os deixar? A fazer o quê?
Como ocupar o tempo livre destas crianças e jovens (dos 3 aos 17 anos, serão mais de um milhão, em todo o país), durante este longo período?
Trata-se, portanto, de uma questão que diz respeito quer ao Estado, quer às Famílias, porque é um problema com uma dimensão simultaneamente coletiva e individual. E não se trata, apenas, de ocupar o tempo de qualquer forma… a questão é mais complexa, porque se torna necessário ocupar o tempo de forma correta, com uma dimensão simultaneamente lúdica e formativa.
A teoria do lazer
Joffre Dumazedier (1915-2002), que no séc. XX estudou profundamente as questões da Sociologia do Lazer, considera que o tempo livre de qualquer cidadão deve ser ocupado respondendo a 3 necessidades: i) descanso; ii) divertimento e iii) desenvolvimento. Por outras palavras: qualquer programa deve considerar estas 3 dimensões de forma equilibrada, sejam os destinatários crianças, jovens, adultos ativos ou idosos – nem só descanso, nem só divertimento, nem só desenvolvimento, mas sim uma combinação equilibrada de tudo. Por outro lado, os promotores desses programas podem ser entidades públicas (Câmaras, Escolas, …) ou privadas (clubes e associações culturais e desportivas, IPSSs, empresas, operadores privados, …), ou uma combinação de ambas.
As respostas locais: Programa “VAGOS EM AÇÃO JÚNIOR”

Sendo um problema global, é também um problema local, para o qual se tem procurado encontrar respostas em Vagos: desde 2016 que a Câmara Municipal de Vagos (em associação com o Agrupamento de Escolas), tem promovido programas de férias, destinado a crianças e jovens dos 6 aos 15 anos, durante as pausas escolares de Natal, Páscoa e, sobretudo, no Verão.
Este Programa pretende a ocupação dos jovens de forma ativa, saudável e formativa nas férias escolares, propondo atividades estruturadas de natureza educativa, cultural, desportiva e social e metodologias lúdicas e participativas, subordinadas aos seguintes objetivos gerais: Proporcionar: i) Momentos de lazer e de divertimento; ii) Desenvolvimento harmonioso e integral; iii) Melhoria da autoestima; iv) Autonomia, iniciativa, criatividade, participação ativa e espírito crítico; v) Favorecer a ligação Escola/Família/CMV, com vista à rentabilização de recursos.
A CMV funcionou como promotora e gestora do Projeto, recrutando Professores e Monitores que assegurem o acompanhamento e orientação técnica dos jovens; o AEV contribuiu com a cedência de instalações, refeitório e apoio de Professores a algumas atividades desportivas (Ténis de Mesa, Canoagem, Jogos, Escalada, Bicicletas, Basquetebol, jogos de tabuleiro, etc). Para além destas, o programa inclui outras atividades desportivas (surf, dança criativa, capoeira, iniciação ao mergulho), visitas (a museus, a empresas, a salinas, moinhos e azenhas), robótica e visionamento de filmes e diversões, como idas à praia, à piscina e ao parque aquático.
Resta, por fim, acrescentar que em 2019 (ano anterior à pandemia COVID), o programa teve 381 participantes nos 3 momentos e em 2023, cerca de 420 participantes, o que dá uma ideia da dimensão do projeto. Mas para além da dimensão quantitativa, tem de se considerar a qualidade e essa tem sido, globalmente, muito boa – seguros, alimentação, vestuário específico, segurança, organização, monitores.
Para concluir
A ocupação do tempo livre de crianças e de jovens durante as férias escolares apresenta-se como um problema global que, em Vagos, apenas tem resposta por parte de entidades públicas que, associando-se, proporcionam programas de inegável qualidade e utilidade social. Este não é um programa exclusivamente desportivo (o que está correto), mas a dimensão lúdico-desportiva ocupa um importante espaço.
Bom seria que outras entidades – sobretudo entidades privadas como os clubes e associações e empresas especializadas em tempo livre – assumissem localmente, também, estas responsabilidades, porque as necessidades são muitas e a procura destes programas existe.

Paulo Branco

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