OPINIÃO

Não caminhe pela direita

Opinião

Um dos assuntos que nos últimos anos tem dado que discutir prende-se com a ascensão da extrema-direita. Pelo globo vê-se um conjunto de personalidades que pela demagogia e mentira têm chegado ao poder, influenciam-no ou beliscam-no. Em Portugal, estiveram envergonhados a viver em casa dos seus familiares políticos e parece que vieram para ficar, por uns tempos. É de máxima urgência termos em mente o 25 de abril. Mais do que qualquer outra data festiva, é esta que nos marca enquanto nação que rejeita a opressão e caminha fraternalmente rumo a um Estado justo. Do ponto de vista ideológico, o que caracteriza a extrema-direita é o seu conservadorismo, sob a forma de um nacionalismo recheado de valores concretos sobre o que consideram ser a família e uma conduta ética. Desta forma, facilmente se compreende como verbalizam mensagens xenófobas e racistas, bem como colocam o feminismo na mira. Que se note que os expoentes máximos desta visão do mundo, os fascismos, não estão temporalmente muito longe de nós. Estes movimentos ganham tração pela força da demagogia: como não têm qualquer problema em espalhar o ódio, facilmente se adaptam para passar mensagens «sem papas na língua» com as quais as pessoas, frustradas com a política, acreditam. «Eles são todos iguais», «Tudo corruptos», «Não fazem nenhum», vociferam elas sobre toda uma classe política desacreditada. «Isto está no estado que está e ainda vêm para aqui os imigrantes roubar-nos o emprego» afirmam, depois de já terem captado a atenção dos abstencionistas e de alguns que estavam no armário, de forma a encontrar um bode expiatório: este passo é importante para estimular o lado emocional, criando uma unidade contra um certo grupo. Os imigrantes, refugiados, minorias étnicas são as que mais sofrem com estes discursos que vociferam «subsidiodependência». Uma caraterística importante dos movimentos que enfrentamos hoje: aproveitam-se da falta de literacia dos media, da falta de algum pensamento crítico sobre a informação que nos é dada e simplesmente inventam. O que pode a democracia fazer para combater estes movimentos que facilmente podem levar a guinadas autoritárias? Devemos ser tolerantes com intolerantes? A democracia não devia ser imparcial?
Em primeiro lugar: a democracia não deve, nem pode, temer vozes dissonantes sobre a sua própria organização. É obrigação da democracia debater formas de se melhorar: o objetivo é a sua radicalização, o aprofundamento progressivo dos valores democráticos. As alterações constitucionais não devem ser temidas, são necessárias. Não obstante, uma democracia deve punir o discurso de ódio.
Em segundo lugar: a democracia tem obrigação de ter um sistema educativo de qualidade. Dar as ferramentas para se formarem cidadãos orientados pelos princípios democráticos, livres e com espírito crítico. Esta é a herança de abril.
Voltarei….contra a extrema direita.
Joaquim Plácido

Sugestões de notícias