Editorial
Vagos corre o risco de se tornar a “capital do brincar”. Se é que já não o é. O Museu do Brincar, agora municipalizado e com novo espaço – ainda que seja para lá ficar temporariamente –, tem tudo para se afirmar como um dos ex-libris do concelho. Na verdade, arrisco-me a dizer que já o é. Exemplo disso foi a apresentação do projeto pela voz de Jackas, um dos seus fundadores, em plena Bolsa de Turismo de Lisboa, no início do mês.
Não se confunda “brincar” com “brinquedo”. Até porque museus do brinquedo existem outros no país, em lugares como Seia ou Ponte de Lima. Mas museu do brincar só existe um, o de Vagos. E ninguém o pode copiar, uma vez que a marca está registada e, atualmente, é pertença da Câmara Municipal.
Jackas explica bem o que é isto do “brincar”. Mistura, essencialmente, o conceito de dois museus: o do brinquedo e o da criança. “O do brinquedo reflete o objeto, o da criança é muito lúdico. O Museu do Brincar une os dois e divulga a dinâmica do brincar no próprio espaço”.
Independentemente dos valores do negócio – que na altura, no ano passado, causaram celeuma –, sobre os quais não me cabe pronunciar, aponto como positivo o facto de a Câmara de Vagos ter adquirido o espólio e a marca do museu. Só assim é possível cuidar de um projeto que já faz parte da identidade do município e que tem pernas para fazer ainda mais. Agora, é tempo de continuar a consolidá-lo.
Vagos é agricultura, é arte xávega, é a casa gandaresa, é a gastronomia, é surf e todos os desportos náuticos. Vagos é muita coisa e pode ser, também, sinónimo de brincar.
Numa visita curta às recém-inauguradas instalações do Museu do Brincar, dei por mim de novo criança. Entra-se ali e apetece ser como os miúdos, entrar pela porta pequena e rastejar por entre cubos de madeira coloridos. Apetece subir para dentro da carrinha, construída em madeira pelas mãos do carpinteiro da Autarquia, e fingir que se é motorista. Apetece vestir uma roupa de rainha e ir ao cimo ao castelo, para contemplar um reino de cor e de história que surge aos nossos olhos. É impossível não sentir vontade de trepar à casa da árvore. É impossível, digo mesmo, não sonhar.
O Museu do Brincar é um projeto bem conseguido. Parabéns a quem o desenhou e por ele lutou, principalmente às caras mais conhecidas, Jackas e Ana Barros. E parabéns a Vagos, às suas gentes, pela audácia de o apoiar e de o ver crescer.
Salomé Filipe
Diretora do Jornal