O senso comum e o nosso subconsciente associam desporto à saúde, ao rendimento, à competição, à saúde, à juventude, à beleza, à normalidade; mas o desporto, sendo para todos, é também para os idosos, para os sem-saúde, para as crianças e para pessoas com deficiências, ou seja, para populações especiais.
Trata-se, portanto, de um desporto inclusivo, com atividades especialmente adaptadas a pessoas com deficiências físicas ou cognitivas, concebido para que pessoas, de todas as capacidades, origens e identidades (leia-se… e com várias limitações), possam participar na prática desportiva e serem felizes.
O princípio básico é proporcionar a todos, oportunidades iguais para a prática da atividade física e do desporto e o objetivo principal é contribuir para o bem-estar individual e coletivo e criar um ambiente que valorize e incentive a participação de todos, independentemente das suas circunstâncias pessoais e das suas limitações.
Os Desportos Adaptados e a estrutura competitiva (nacional e internacional)
Existem diversas modalidades de Desporto Adaptado (Atletismo, Natação, Basquetebol em cadeira de rodas, Ténis de Mesa, Ginástica, Ciclismo e muitas outras) e também clubes com secções específicas de Desporto Adaptado (refiro como exemplos, entre muitos, a ADV-Vagos, com uma secção de Basquetebol em cadeira de rodas e o FC Porto, com uma secção de Ténis de Mesa Adaptado)
Ora, existindo modalidades adaptadas e clubes com praticantes com deficiências, foi criada a Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência (FPDD), uma Federação multidesportiva que centraliza a organização de competições federadas de diversas modalidades (com 3091 atletas inscritos em 2023 e com tendência crescente). Com efeito, as Federações de cada modalidade não conseguiam dar respostas adequadas a este segmento, optando-se pelo modelo da Federação multidesportiva.
Também ao nível do movimento olímpico, foram criados em 1960 os Jogos Paralímpicos – o maior evento desportivo mundial para pessoas com deficiência – e em que Portugal vem tendo participação com excelentes resultados e com equipas competitivas em várias modalidades, dirigido pelo Comité Paralímpico de Portugal, que se integra no Comité Paralímpico Internacional.
O Agrupamento de Escolas de Vagos (AEV) e o desporto inclusivo
Cumprindo os princípios da inclusão, o AEV proporciona várias formas que permitam que as populações especiais tenham acesso à prática do desporto em condições de igualdade com os restantes alunos.
Assim, ao nível da Educação Física enquanto atividade curricular, são criados programas específicos para alunos com necessidades educativas especiais (nees), com conteúdos adaptados e com condições especiais de avaliação, adequados a cada situação; quando necessário, é designado um professor coadjuvante para assessorar o professor da turma e que acompanha especificamente esse aluno integrado na turma.
Ao nível do Desporto Escolar, os alunos com nees podem integrar todos os grupos-equipa de todas as modalidades; no entanto, existem 2 grupos-equipa especialmente destinados a populações especiais: Bóccia e Natação Adaptada, com quadros competitivos próprios. Também os eventos desportivos integrados em programas nacionais abrangem esta dimensão inclusiva (Corta-Mato; MegaSprinter; …), tendo provas especialmente destinadas a estes alunos e o AEV integra, quase sempre, alunos com este perfil.
Conclusão
Sobre esta temática, muito haveria ainda a dizer, mas este breve artigo procura dar alguma visibilidade a esta dimensão do desporto, abrangendo um segmento de praticantes que merece o maior respeito e admiração: aqueles que tendo handicaps de diversa natureza e dimensão, não se conformam e procuram otimizar o seu potencial, treinando e competindo.
Paulo Branco