NO CONCELHO

Misericórdias do distrito preocupadas com sustentabilidade

Dirigentes reuniram-se em Vagos para discutir problemas comuns. Negociação dos acordos de cooperação com o Governo para este ano em cima da mesa

As Santas Casas de Misericórdia do distrito de Aveiro estão preocupadas com a sua sustentabilidade. Isto depois de a pandemia de covid-19 ter esgotado a capacidade da tesouraria das instituições, que ainda se estão, agora, a reerguer. Foi essa a mensagem passada pelos seus dirigentes à União das Misericórdias Portuguesas (UMP), numa reunião do Conselho Regional do Distrito de Aveiro da UMP, que aconteceu, a 21 de fevereiro, na Santa Casa de Vagos.
“A maior preocupação [das Misericórdias] é, basicamente, a sua sustentabilidade. Nós vivemos um tempo em que a sustentabilidade do setor social está muito posta em causa, porque passámos por uma pandemia que esgotou, financeira e animicamente, este setor”, deixou claro ao Eco de Vagos Carlos Andrade, vice-presidente do secretariado nacional da UMP.
O dirigente frisou que as instituições resistiram ao período de pandemia “com sacrifício das tesourarias” e que os efeitos ainda se sentem. “Estamos a reerguer-nos, mas com muitas dificuldades. Essa é a preocupação do distrito de Aveiro, mas também das Misericórdias do resto do país”, sublinhou.
No dia da reunião, a UMP preparava-se para começar, dentro de poucos dias, as negociações com o Governo sobre os acordos de cooperação para este ano. E o procedimento, desta vez – a primeira em que a matéria é discutida com o executivo liderado por Luís Montenegro –, foi diferente do habitual, explicou Carlos Andrade: “Tiveram connosco uma atitude original. É a primeira vez que um Governo se preocupa, antes de discutirmos qual é a comparticipação pública, com a consensualização de quanto custa cada uma das respostas. Isso nunca tinha sido feito”.
Assim, antes das negociações propriamente ditas, as Misericórdias fizeram o trabalho de levantamento dos custos das respostas sociais. Só depois é que a UMP negoceia, mediante esses valores, qual a comparticipação do Governo nos custos em causa.
“Pressão sobre as famílias”
Para Carlos Andrade, é certo que “as comparticipações mais baixas dizem respeito à terceira idade”. “É muito complexo, porque o número de idosos cresce com uma aceleração muito significativa e os apoios são pequenos. Logo, implica uma pressão sobre as Misericórdias e sobre as famílias que eu acho elevada e que teria de ser compensada por um maior apoio do Estado”, referiu.
Esclarecendo que “não há apoio nenhum do Governo às Misericórdias, o apoio do Governo é às pessoas”, o vice-presidente da UMP disse-se preocupado com os constrangimentos que estão a ser causados às famílias. É que o aumento do salário mínimo implicou um aumento dos custos das instituições. E a comparticipação pública não acompanhou, na mesma percentagem, essa subida. “Como o aumento dos custos não tem sido correspondido com o aumento da comparticipação pública, a pressão é sobre as famílias”, realçou.
S.F.

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