Editorial

Natal é tempo de paz, de solidariedade, de união. Ou deveria ser, de acordo com o que nos foi incutido desde sempre. E, efetivamente, o espírito natalício agrega essas, e outras, características. A maioria de nós, pessoas, querendo ou não querendo, acaba por ser bafejado nem que seja por uma leve brisa desse estado de espírito. Até porque tudo à nossa volta – à exceção do consumismo desmedido – nos recorda que são esses os ingredientes secretos das receitas de Natal. Mas e quando esta época passar?
À minha volta, vejo multiplicarem-se ações de solidariedade – e bem, obviamente. Há recolhas redobradas de alimentos, de brinquedos, de roupa. Existem iniciativas para que as pessoas mais solitárias não passem a noite de Natal sozinhas. As ruas, por seu turno, enchem-se de enfeites e de brilho, evocando o sonho e a magia. Em muitos concelhos, como em Vagos, há concertos, teatro de rua, vida a acontecer. Mas a pergunta mantém-se: e depois do Natal?
Quem precisou de ajuda alimentar nesta altura do ano já não vai precisar nos restantes meses? A solidão pode voltar à alma e ao coração de cada um? As ruas podem voltar a ficar despidas, cinzentas e inanimadas? Não importa se o fácil acesso a atividades culturais só voltar a acontecer passados 12 meses? Deixamos de sonhar? A lista de questões seria infindável, se continuasse.
“Natal é em Dezembro. Mas em maio pode ser. Natal é em setembro. É quando um homem quiser”, escreveu-nos o inigualável Ary dos Santos. E eu arrisco-me a dizer que “o problema é quando um homem não quer”. Por isso, que queiramos todos que seja sempre Natal e que façamos por isso. Aos leitores do Eco de Vagos, um feliz Natal e um 2025 mais próspero, com mais amor.
Salomé Filipe
Diretora do Jornal

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