Tem a Palavra a Mesa
Eu sou do tempo…
Eu sou dum tempo em que nem todos os jovens tiveram o privilégio de conhecer os seus quatro avós.
Pois bem, começa a ser quase normal o encontro de quatro gerações
Filhos, pais, avós e bisavós
Que bom dir-se-á. E é verdade, porém este aumento significativo, provocado pela melhoria da qualidade de vida, pela melhoria absolutamente deslumbrante dos serviços de saúde que nos são facultados, A CUSTO ZERO, provavelmente dos melhores do mundo, mas dos quais somos uns eternos críticos negacionistas, pois a eles recorremos e “entupimos” por motivos que de urgente muitas vezes nada têm, nós só sabemos dizer sempre mal e a querer que sejam os outros, quaisquer que sejam esses outros, que cuidem e tratem dos nossos problemas, se é que chegam a ser problemas?
Mas este encontro destas gerações nem sempre corresponde a um aumento de solidariedade, designadamente no que respeita aos mais velhos, a quem por vergonha lhes chamamos idosos, e que não poucas vezes se deixam ao abandono, numa urgência dum hospital, não lhes damos uma cama para repouso, após uma alta hospitalar (nesta data estarão cerca de 2.000 camas nos hospitais ocupadas por quem já não necessitava de lá estar), para que outros as pudessem utilizar e assim serem cuidados das suas enfermidades.
São muitos os milhões de euros assim gastos, milhões esses que bem poderiam ser aplicados em instalações condignas para esses nossos irmãos, mas que a FALTA DE CORAGEM, vai sendo justificada pela burocracia que sempre referimos, e só somos capazes de fazer obras se o dinheiro nos for dado, se nos for servido numa bandeja de prata.
Todos nós podemos constatar a facilidade com que se “arranja” dinheiro para festas, comícios, ou outros eventos popularuchos, que embora importante que também o são, facilmente fazem que todas essas gerações que vivem em seu modo próprio, não sejam capazes, corajosos, de bater o pé, e exigir de cada um de nós mais solidariedade.
Algumas vezes parece, e se calhar não só parece e é mesmo verdade, termos vergonha dos mais velhos, dos mais pobres, quando mesmo são um estorvo quando queremos ir de férias ou queremos ter uma festa mais privada e mais alegre, e tais velhos só incomodam.
Mas para encher pavilhões e mostrar um grande número de adeptos ou querermos descerrar uma lápide alusiva a qualquer evento que nada vale, aí nós os queremos, esses nossos idosos, à nossa volta para que a sociedade veja, como dizia José barata Moura, “Vamos brincar à caridadezinha”.
Felizmente que tudo o que disse não se aplica a toda a sociedade portuguesa.
Obrigado a quem é generoso.
Vitorino Moreira Rocha
Mesário