OPINIÃO

1974 – 2024, o que os separa?

Opinião
Comemora-se no próximo mês de Abril os 50 anos da Revolução dos Cravos, data que, nem eu nem todos os da minha geração vivemos, o que não obsta a que não saibamos a sua grande importância e a que sejamos reconhecidos.
O 25 de Abril de 1974 trouxe-nos, entre outras coisas, um serviço nacional de saúde digno, direito à educação para todos, independentemente da origem, do género, ou do estatuto social de cada um, liberdade de expressão, eleições livres acompanhadas de sufrágio universal e da abolição do direito de voto baseadas no sexo dos cidadãos, mudanças estruturais na justiça e, com o crescimento económico e o desenvolvimento deram-se passos importantes no sector da habitação.
A verdade é que chegados a Março de 2024 o nosso País enfrenta graves problemas em todos estes sectores. A saúde, a educação, a justiça e a habitação estão longe de alcançar o patamar que ambicionamos. As greves e descontentamento geral dão-nos a conhecer (e infelizmente a sentir na pele) o colapso que o SNS enfrenta, a falta de professores para os nossos alunos, os atrasos na justiça, a falta de recursos humanos e meios, bem como a escassez de oferta de habitações para os portugueses e para quem procura o nosso país.
Quanto à liberdade de expressão, vivemos hoje, de facto, graças a Abril de 1974, numa sociedade democrática, na qual temos liberdade de pensar e atuar, liberdade esta que teve a sua expressão máxima e manifesta nos últimos resultados eleitorais.
Das eleições de 10 de março de 2024 podemos destacar a diminuição nos valores da abstenção a que os últimos anos nos tinham habituado. No que à minha parte diz respeito, tenho tido o prazer de dar o meu contributo e tempo no trabalho das mesas de voto e é com agrado que constato o facto de, desta vez, ter visto mais pessoas e especialmente jovens a deslocarem-se às mesas de voto e a aí exercerem o seu direito que, para mim, é também um dever.
Este aumento de pessoas a exercerem o direito de voto pode, ele próprio, justificar a versatilidade na escolha de opções dentro dos vários partidos, bem como a tendência à “mudança” que se verificou. Não obstante, devemos todos ponderar se as nossas escolhas não devem ser refletidas e informadas, de forma a que dentro da nossa liberdade, não colocarmos em causa princípios básicos e essenciais que o 25 de Abril conquistou, como é exemplo a democracia.
Os Portugueses exerceram o seu direito e fizeram as suas escolhas, estas escolhas devem ser respeitadas e valorizadas sendo este o expoente máximo do que é a democracia e do que é um país livre. No entanto, dentro da nossa liberdade, temos de o fazer sempre sem desconsiderar a importância que as nossas opções têm e o impacto que o nosso voto tem no futuro do nosso País.
Este sentido de responsabilidade que cada um tem de ter ao optar por um partido, transmite-se para os nossos futuros governantes eleitos, os quais, com este quadro de dificuldades graves nas várias áreas essenciais do nosso estado e com o desenho de um parlamento totalmente dividido, terão de ter coragem, vontade e rigor de maneira a conseguirem um governo estável, coeso e concentrado com o único fim comum a todos, que é o de desenvolver Portugal e melhorar a vida dos Portugueses.
Assim, em contagem decrescente para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, no que toca à nossa governação, aguardo pelos próximos desenvolvimentos, esperando que todos os partidos com assento parlamentar honrem esse pilar máximo no nosso sistema, a democracia, bem como a escolha dos portugueses feita ao abrigo de outro grande pilar, a LIBERDADE.
Viva Portugal e viva Abril!
Rute Paradinha
Presidente JSD Vagos

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