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Portugal e o Campeonato do Mundo de Futebol de 2030

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Há cerca de 3 meses o mundo foi surpreendido com a divulgação, pela FIFA, dos países organizadores da 24ª edição do Campeonato do Mundo de Futebol, a realizar em 2030.
Portugal será um dos países organizadores, conjuntamente com a Espanha e Marrocos, sendo que os 3 jogos inaugurais serão na Argentina, Paraguai e Uruguai, como homenagem à 1ª edição, que decorreu no Uruguai em 1930 e ao bicentenário da independência deste país.
Temos, assim, pela primeira vez este evento organizado em 3 continentes (Europa, África e América do Sul) e, também pela primeira vez, em Portugal. Uma honra e um desafio para o país, que importa analisar melhor, ainda que à distância de 7 anos.
O formato desportivo
Pela segunda vez, existirá uma 1ª fase com 48 seleções, distribuídas por 12 grupo de 4 seleções, apurando-se os 2 primeiros de cada grupo para uma 2ª fase, a eliminar num só jogo, com um total de 104 jogos a disputar.
A organização portuguesa e o impacto financeiro
Em Portugal decorrerão cerca de 10% dos jogos, ou seja, entre 10 e 12, nos estádios da Luz, Alvalade e Dragão, ou seja, nos estádios que cumprem os requisitos da FIFA, possuindo capacidade para o mínimo de 50 mil espetadores.
Bem nos lembramos do EURO 2004 e do esforço financeiro que o país fez para construir, ou reconstruir 10 estádios, com um custo direto de 665 milhões de euros, a que se juntaram outros custos indiretos, totalizando 1035 milhões de euros, a preços da altura (Fonte-Relatório do Tribunal de Contas). Esse grande esforço financeiro dos clubes, autarquias e do Estado, apesar do impacto positivo a médio prazo (como agora se vê), gerou na altura grandes protestos, pelas carências básicas que o país tinha noutros setores. E agora, como será? Neste caso do Mundial não será assim, uma vez que os 3 estádios já estão construídos, necessitando apenas de algumas adaptações e melhorias de baixo custo.
Ao invés, o impacto económico em Portugal irá ser muito positivo, ainda não possa ser corretamente quantificado pela falta de elementos objetivos, mas será certamente muito elevado, quer a nível direto, quer a nível indireto.
Apontam-se 5 eixos de valorização: i) aumento da notoriedade turística (promoção da imagem do país como destino turístico); ii) impulso à economia local (acréscimo de receitas em diversos setores, geradoras de receitas fiscais e de criação de postos de trabalho); iii) imagem positiva do país (imagem atrativa, dada pela cobertura mediática à escala global); iv) benefício de infraestruturas (benefícios em estradas, hospitais, aeroportos, transportes, alojamentos, etc) e v) patriotismo e orgulho nacional (com melhoria da nossa autoestima, enquanto nação).
A participação desportiva
Portugal, como país organizador, é uma das seleções apuradas, conquistando o direito à 9ª participação em fases finais. Com maior ou menor dificuldade, Portugal classificou-se em 1966, 1986, 2002, 2006, 2010, 2014, 2018, 2022, (2026?), ou seja, 8 vezes, 6 das quais nas últimas edições e conquistando o 3º lugar (1966), o 4º lugar (2006) e o 8º lugar (2022).
Trata-se de classificações que, embora meritórias, se podem considerar algo modestas, para uma seleção que ocupa o 9º lugar no ranking mundial da FIFA:
Quase sempre se geram grandes expectativas, que sempre sairam frustradas, terminando sem honra nem glória. Esperamos que nesta edição se criem cenários realistas e que as expectativas se concretizem.
Os impactos negativos
O principal aspeto negativo desta dispersão é a pegada ecológica que vai gerar, com 104 jogos dispersos por 3 continentes e 6 países, com inúmeros voos, alguns deles transatlânticos, para equipas e adeptos, ou seja, muitos milhões de pessoas.
Sem dúvida que contraria os compromissos ambientais estabelecidos pela FIFA, no sentido de baixar as emissões de carbono, principais responsáveis pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas que todos já sentimos. Por exemplo, na edição do Quatar, as deslocações internas foram mínimas.
PB

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