Este é o mês de S. Miguel, também associado à celebração das boas colheitas, mas na CAR, setembro é sinal de sementeira, a sementeira das aprendizagens escolares. São tempos de primavera e de deitar os frutos à terra para, lá para o final de junho, do próximo ano, podermos colher o passaporte para novas aventuras.
Setembro marca o final das férias da escola e também para algumas jovens o final de alguns períodos de convívio junto da família, seja ela nuclear ou mais alargada, por vezes só família que cresceu a partir do coração.
Que avancem as aulas, porque, cá em casa o frenesim do regresso à escola começou muito mais cedo. Foram horas e dias em que fizemos saídas e mais saídas para comprar material escolar, mochilas, sapatilhas para desporto, calçado e outros equipamentos para que as nossas jovens se sintam confortáveis e ao mesmo nível de todos os seus colegas. Procuramos atividades extracurriculares do seu interesse para que ocupem o seu tempo de forma saudável. Não queremos desculpas, nem conversas fiadas de coitadinhas. Elas são lutadoras e resilientes e mesmo que às vezes tenham a língua afiada e uma resposta torta, não deixam de ser adolescentes na conquista do seu espaço no mundo e nós estamos cá por elas e para elas.
São vinte jovens, em ciclos diferentes de estudos e com interesses vários e por isso temos este ano letivo, jovens espalhadas por escolas em Aveiro, Ílhavo e Vagos, entre ensino secundário regular, vários cursos profissionais e no terceiro ciclo.
Estamos outra vez na luta das regras, as regras… dizem elas, sempre regras, regras para tudo. Assumimos esta guerra e não conseguimos conceber um plano de educação das nossas meninas sem uma estrutura firme e coesa de regras e rotinas e, acreditamos nós, este é o segredo para o sucesso delas e nosso, mesmo quando refilam e se aborrecem por sermos tão chatas…
Setembro marca também a saída do nosso ninho de algumas jovens com quem fomos preparando, nos últimos meses, o voo picado para a vida. Tivemos cinco jovens a terminar o ensino secundário, em cursos profissionais e almejámos empurrar algumas para a universidade, mas a decisão delas foi partir e começar uma nova vida a trabalhar para poderem viver autonomamente.
Sentimos que estão felizes com as suas decisões e se elas estão felizes com as suas escolhas nós também ficamos felizes.
Porque no ciclo vital desta família, na CAR, somos repetentes na fase dos filhos adolescentes, já estamos novamente, em velocidade cruzeiro a viver esta viagem. Daqui a nada já só pensamos no Natal…
Casa de Acolhimento Residencial
