NO CONCELHO

Paulo Gravato cria projeto musical para crianças

Saxofonista vaguense aventura-se pela primeira vez no mundo das canções, com o disco “Planeta a Cantar”, que é acompanhado por um espetáculo teatral

Faz da música vida há cerca de 20 anos. Nascido e criado em Vagos, mas a residir na zona do Porto desde que se iniciou na profissão, Paulo Gravato, aos 42, é um saxofonista de renome, que acompanha músicos como Pedro Abrunhosa, Os Azeitonas ou Bezegol. Agora, está a aventurar-se pela primeira vez no mundo das canções, como compositor, letrista e cantor do projeto que criou de raiz, em 2021, e ao qual chamou “Planeta a Cantar”. Destinado a um público infantil, com o objetivo claro de sensibilizar os mais novos para a causa ambiental, o “Planeta a Cantar” não é só um disco de 10 canções, que foi editado digitalmente, em janeiro, pela editora Universal. Este mês, estreou-se no palco, com um espetáculo que inclui música e teatro. E é assim que espera percorrer o país, ensinando as crianças a cuidarem do presente e a anteciparem o futuro.
Estávamos em 2021, em plena pandemia. Os artistas a ressacarem de palco, as cabeças a fervilharem de preocupações, o país e o mundo em estado de sítio. Sem concertos, Paulo Gravato, entretanto, estava a trabalhar com a Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, tanto com idosos como com crianças. E como o tempo, naquela altura, sobrava – apenas tinha uma aula semanal de expressão musical com os alunos –, começou a compor uma música para os mais pequenos. Eles, aparentemente, gostaram. Eram, por isso, os primeiros passos num mundo no qual nunca se tinha aventurado: o das canções.
“Nessa altura, houve a possibilidade de concorrer a um programa do Estado, o Garantir Cultura. Decidi candidatar-me, como tantos outros artistas, mas queria fazer algo que perdurasse. Algo que não fosse apenas um negócio, mas sim um produto a que me pudesse dedicar, à parte do trabalho que faço como performer. Foi aí que decidi enveredar pela música infantil”, recorda o saxofonista, que até àquele tempo tinha trabalhado mais para outros artistas, apesar de ser também compositor e produtor, essencialmente, em publicidade e em bandas sonoras.
“Produto educativo”
O “Planeta a Cantar” começou, então, a desenhar-se, com Paulo Gravato a arriscar como compositor, letrista, cantor, produtor e técnico. Sozinho em tudo, por sua conta. Mas porquê a proteção do meio ambiente como tema, quando tinha tantos à sua disposição? “Foi tudo muito pensado, não foi por acaso. É porque, realmente, é um tema preocupante e ao qual todos temos que dar o devido valor. Não só as crianças, obviamente. Mas as crianças são um veículo de informação. Pensei que falar disto de uma forma mais ligeira, e talvez até divertida, fosse bom para passar a mensagem”, explica o músico, que teve como preocupação ir além do entretenimento, apostando “num produto educativo, que pudesse ajudar as crianças, os educadores e os professores”.
Aquela primeira música, a que compôs para os seus alunos da Santa Casa, foi o “clique”, mas não integra o projeto. Paulo compôs de raiz 10 canções, com títulos intuitivos para um público de “palmo e meio”. “Água poupar”, “Cuidar da floresta”, “Vamos reciclar”, “Vem plantar” ou “Vamos proteger o planeta” são algumas delas, que funcionam quase como uma chamada de atenção, um incentivo à ação e à proteção do meio ambiente. E o disco acabaria publicado, digitalmente, pela Universal, editora com cartas dadas no registo da música infantil, com projetos como “O Panda e os Caricas”, “Miss Cindy” ou “Xana Toc Toc”.
Parceria com “conterrâneos”
Este mês, o “Planeta a Cantar” subiu finalmente ao palco, no festival “Agir pelo Planeta”, organizado pela Câmara de Vila Nova de Gaia. Mas não foi apresentado em forma de concerto, nem nunca assim será. “O projeto, neste momento, não é só o disco. Tem um espetáculo associado, com componente musical e teatral”, conta Paulo Gravato.
O planeta surge em palco humanizado, em forma de um boneco, louro, olhos azuis e microfone na mão. “Pode ser ou pode não ser Paulo” que está dentro do disfarce. E é acompanhado por mais personagens, interpretadas por Bruno Pato, músico, oriundo do distrito de Aveiro, e por Bruna Herculano, de Albergaria-a-Velha, e Luciana Sanhudo, da Gafanha da Nazaré, atrizes. “E ainda tenho uma colaboração estreita a associação cultural Quinto Palco, de Ílhavo. Temos trabalhado em conjunto e ajudaram-me na composição do texto. Entre músicas, existem pequenos atos teatrais, que as vão ligando. O tema do ambiente está sempre presente”, revela Paulo.
O músico vaguense tem consciência que tem “um bebé nas mãos”, que está a dar os primeiros passos. O programa Garantir Cultura garantiu-lhe mil unidades do disco, para serem distribuídas por IPSS ou por municípios. E autarquias como a de Estremoz e a de Porto Santo já deram “feedback”. “Os miúdos gostam. Mas temos consciência que o trabalho não é perfeito, logo à partida, mas estamos a tentar trabalhar o espetáculo para o consolidar. Não temos pressa, tudo terá, certamente, o seu tempo. E estamos abertos a todo o tipo de propostas, de qualquer sítio do país”, assegura Paulo Gravato, que não deixa de frisar o apoio que tem da sua agente, Mariana Faria Costa.
No final, para o futuro próximo do projeto, o desejo de Paulo é só um: “Quero que o ‘Planeta a Cantar seja ouvido e visto, porque acho que vai ajudar toda a gente. Quero que as crianças ouçam, gostem e repitam – porque elas repetem muito as coisas de que gostem –, para ser uma forma de incentivar também os adultos que têm por perto para as questões do ambiente”.
S.F.

Sugestões de notícias