Durante mais de 2 anos escrevi nesta secção do jornal em nome e, até, em representação do Agrupamento de Escolas de Vagos (AEV), pretendendo divulgar algumas das suas iniciativas e projetos, sempre com o devido enquadramento teórico-conceptual e legislativo. Foi, portanto, quase sempre, uma colaboração com uma marca mais institucional do que pessoal; mas esse ciclo termina hoje, naquele que fechará a quadratura e, neste último artigo irei assumir a minha opinião e assinar no final.
As potencialidades naturais do território vaguense
Ligado a Vagos desde 1980, logo constatei a enorme beleza do território: plano, com uma grande mancha florestal, com uma significativa zona de costa (as praias) ainda por explorar e com algumas lagoas e rios a atravessar longitudinalmente o concelho. Tinha uma base económica predominantemente rural e, aparentemente, tudo estava por explorar. Nos rios e no mar, viam-se, apenas, barcos de pesca, onde se assegurava a subsistência de alguns. E assim tudo se manteve por mais de trinta anos: um território de rara beleza, mas com as suas principais potencialidades manifestamente desaproveitadas ou, em certas situações, pouco exploradas.
As potencialidades náuticas
O mar e os rios mantiveram-se, apenas, como zonas de fruição visual, para se olhar, para nos encantarmos com a beleza natural…e pouco mais. O aproveitamento desta riqueza passou despercebido à escola, às empresas, aos cidadãos e, até, às próprias entidades públicas locais, porque pouco se fez. O mar, a ria, o rio, as lagoas, a floresta, os campos servem para muito mais do que para contemplar – podem ser utilizados como meios de aprendizagem, de investimento e de negócio, como âncoras do setor turístico, como fontes de lazer e de divertimento, como algo que pode contribuir para melhorar significativamente, em vários domínios, a qualidade de vida dos vaguenses (e não só dos vaguenses).
O Projeto Náutico Escolar
Foi neste contexto que o AEV, em 2014, decidiu candidatar-se a um subprojecto do Desporto Escolar, para a criação de um Centro de Formação Desportiva de Desportos Náuticos (CFD). Não existindo nada – nem histórico, nem condições (instalações e equipamentos náuticos) – serviu de garantia à Direção Geral de Educação (DGE) as excelentes condições naturais existentes e a enorme vontade da Direção do AEV, bem como a promessa de apoio da Câmara Municipal. Depois de aprovado, as dificuldades foram também muitas, porque se partiu do zero absoluto: havia que adquirir embarcações, escolher os melhores locais do rio, da ria e do mar; comprar contentores para guardar as embarcações; dar formação aos professores; adquirir equipamentos de segurança e, mais difícil, vencer os medos e os receios e ganhar experiência e rotinas.
De facto, o Homem é um ser terrestre e o meio aquático é um meio adverso, para o qual tem de se preparar e de tomar as devidas precauções: desde logo, aprender a nadar e, depois, a cumprir todos os procedimentos de segurança, como usar sempre colete de flutuabilidade e cumprir regras. Os receios iniciais dos alunos e das famílias foram sendo ultrapassados e, hoje, todos nós podemos dizer com orgulho, que nunca existiram acidentes, nem sequer ameaças graves.
Paulo Branco