NO CONCELHO

Museu do Brincar está maior e tem mais espaço para sonhar

O Mercado Municipal é agora a morada do espaço museológico que voltou a abrir, um ano depois de ter encerrado portas devido às obras no Palacete Visconde de Valdemouro

Uma casa gandaresa e uma escola do tempo do Estado Novo, ambas em ponto pequeno. São essas duas das maiores novidades do “novo” Museu do Brincar, que abriu portas, no passado dia 12, numa zona do Mercado Municipal que foi requalificada para o receber temporariamente. Na reabertura, estiveram presentes mais de 400 pessoas. O museu estava encerrado há um ano, desde que teve que sair do Palacete Visconde de Valdemouro, onde se encontra em curso uma profunda obra de remodelação e de ampliação. Agora, está maior, tem mais brinquedos expostos – são cerca de três mil, no total – e novos espaços que permitem a todos os visitantes voltarem a ser crianças por um dia.
Quem entra no Museu do Brincar percebe que o espaço foi, outrora, um mercado. Até porque, de forma propositada, as bancas em mármore e azulejo foram mantidas. “Decidimos assumir o espaço como era. E aproveitámos algumas das bancas para fazer vitrines”, explica Jackas, fundador do museu e responsável, a par da esposa, Ana Barros, pela reorganização do espaço.
No Palacete, o Museu do Brincar ocupava uma área de cerca de 300 metros quadrados. Mas o novo local tem mais do dobro de área disponível. Por isso, Jackas e Ana – que fazem, através da associação Arlequim, a curadoria do espaço – optaram por colocar mais brinquedos em exposição. “Como agora o museu é camarário, achámos que nesta primeira exposição íamos tentar mostrar a diversidade da coleção. Achámos importante, neste lançamento, mostrar à comunidade aquilo que a Câmara adquiriu, que é uma coleção vasta, com várias áreas de acervo”, adianta Jackas. As três mil peças expostas são, no entanto, apenas uma pequena parte do total da coleção.
Novos espaços
A zona do castelo, que já existia anteriormente no museu, ganhou agora uma nova dimensão. É mais dinâmica e permite às crianças brincar num mundo imaginário de reis e rainhas. Além disso, tem no seu exterior, para serem usados nas brincadeiras, um barco pirata transformado em balouço, um carrossel medieval e jogos de época.
Entrar no Museu do Brincar é entrar num mundo de sonho. Há uma carrinha feita em madeira, em ponto grande, onde se pode entrar. Há um mini-teatro, com um auditório. Há uma casinha na árvore, como se estivesse mesmo na floresta. E há, além de tudo isso, duas fachadas de casas em ponto pequeno, que se assumem como duas das maiores novidades do espaço: uma representa uma casa gandaresa, outra uma escola do Estado Novo. No interior de ambas, há mobiliário e objetos à medida das crianças.
O museu contempla vários espaços para os visitantes, miúdos e graúdos, brincarem. Tais como zonas dedicadas aos brinquedos óticos, às casinhas de bonecas e às pistas de automóveis, entre outros. Existe, também, um espaço de atelier destinado aos trabalhos manuais. E, claro, milhares de outras peças que compõem a nova exposição, intitulada “UAUUU – O brinquedo, o brincar, um mundo de diversidade”.
265 mil euros
Foi há cerca de um ano que a Câmara de Vagos adquiriu, por 265 mil euros, o espólio do Museu do Brincar – com cerca de 13 mil peças –, assim como a marca. No entanto, a parte pedagógica e de visitação vai manter-se nas mãos da associação Arlequim e, logo, de Jackas e Ana Barros. À Câmara caberá a gestão e a componente administrativa.
Segundo Silvério Regalado, presidente da Câmara, foram gastos na remodelação do mercado, para acolher o museu, cerca de 100 mil euros. “Desta forma, estamos a devolver às pessoas, com muita qualidade, um espaço que já era pouco utilizado. Acho que quando as pessoas vierem, as suas expectativas vão ser ultrapassadas. Convido mesmo a que venham visitar o museu”, frisa o autarca, que tem como meta, para os próximos tempos, “concluir o processo de municipalização”. Depois, é sua ambição que o Museu do Brincar integre a Rede Portuguesa de Museus.
“Este museu foi sempre tido como uma peça fundamental na estratégia da Turismo Centro de Portugal (TCP). Aqui, as peças ganharam espaço para respirar. Fiquei comovida ao visitá-lo, porque ao visitarmos esta exposição saímos como se fossemos crianças de novo”, assegurou por seu turno Adriana Rodrigues, da TCP, que esteve presente na inauguração.
Silvério Regalado terminou o seu discurso, na cerimónia de reabertura, com uma mensagem de George Bernard Shaw, lida através da camisola que Jackas vestia: “Não paramos de brincar porque ficamos velhos, nós ficamos velhos porque paramos de brincar”.

S.F.

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