Câmara de Vagos está contra encerramentos. Decisão final será tomada pelo Ministério da Saúde
A notícia chegou, na última Assembleia Municipal de Vagos, pela voz de Silvério Regalado, presidente da Câmara: o concelho prepara-se para ver serem encerradas as extensões de saúde de Covão do Lobo e da Gafanha da Boa Hora. Ao que tudo indica, o fecho da primeira está confirmado oficialmente e o da segunda encontra-se em cima da mesa. Por isso, o edil mostrou-se contra a alegada decisão do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Baixo Vouga, pedindo união aos deputados municipais para que trabalhem em conjunto, de forma evitar o fecho das unidades. E adiantou que teme que o encerramento seguinte aconteça em Ouca.
“Informação por escrito só tenho do fecho de Covão do Lobo. A do encerramento do posto médico da Gafanha da Boa hora foi transmitida oralmente”, explicou Silvério Regalado, perante a Assembleia. “Temos que agir, imediatamente. Porque o ponto seguinte, quando se ampliar o centro de saúde de Soza, é encerrar Ouca, não tenho dúvidas”, sublinhou o autarca, que garantiu que os fechos definitivos das unidades de saúde terão “a frontal oposição da Câmara”.
Aposentação de médica
Confrontado pelo Eco de Vagos, Pedro Almeida, diretor executivo do ACeS do Baixo Vouga, frisou que “a decisão final caberá ao Ministério da Saúde”. Mas adiantou que, no caso de Covão do Lobo – cuja extensão de saúde “está encerrada desde 2018” –, o fecho definitivo prende-se com a criação da Unidade de Saúde Familiar (USF) da Ponte de Vagos, cujo processo se encontra a decorrer.
“Na realidade, é apenas a formalização de um encerramento que já aconteceu. A equipa da atual UCSP Vagos II [que tem um polo, ainda que atualmente fechado, em Covão do Lobo] fez a proposta de ser criada a USF da Ponte de Vagos, mas sem contar com Covão do Lobo. Uma USF tem mais autonomia do que uma UCSP e a de Ponte de Vagos passará a ter cinco médicos e cinco enfermeiros, com alargamento de horário, passando a funcionar das 8 às 20 horas”, enquadrou Pedro Almeida.
A hipótese de encerramento do posto médico da Gafanha da Boa Hora, que é um polo da USF da Senhora de Vagos, surgiu, recentemente, segundo o diretor executivo do ACeS do Baixo Vouga, com a aproximação da data de aposentação da médica afeta à unidade de saúde em causa. “A médica da Gafanha da Boa Hora vai aposentar-se, entre março e abril. E esse polo também já estava encerrado, desde 2020, porque as questões de segurança alteraram-se com a pandemia. Por isso, também se trata apenas de um encerramento formal”, explicou Pedro Almeida.
Em causa está, também, o facto de não estar a ser encontrado um substituto para a médica que entrará irá para a reforma. “Pode haver alguém que queira ir para lá, mas até agora não aconteceu. Se insistirmos em manter o polo aberto, ficará na mesma sem médico”, referiu o responsável do ACeS.
“Fomos ludibriados”
Albano Gonçalves, presidente da União de Freguesias de Fonte de Angeão e Covão do Lobo, afiançou, na Assembleia Municipal, sentir-se “ludibriado”. Em causa está o facto que, há poucos anos, a Junta de Freguesia ter investido “45 mil euros em obras, no posto médico, a pedido do ACeS”. “Têm andado a brincar connosco, como se fossemos uns bonecos. E o doutor Pedro Almeida veio a esta Assembleia dizer que a unidade de saúde nunca iria fechar. Sinto-me ludibriado”, garantiu.
Por seu turno, Arlindo das Neves, autarca da Gafanha da Boa Hora, alegou que “o que sempre foi prometido foi que o posto estava suspenso e não fechado”. “Estou revoltado”, atestou o presidente da Junta.
S.F.