OPINIÃO

Entrevista com o Presidente do Centro de Educação e Recreio de Vagos

CANTINHO DO JOÃO FERREIRA

No mês em que o Centro de Educação e Recreio completa mais um aniversário (tendo sido fundado em fevereiro de 1939), entrevisto o atual presidente, Sr. Fernando Morgado.

João dos Santos Ferreira:
Começo por lhe perguntar: qual é a evolução do CER desde que o senhor se tornou presidente?

Fernando Morgado:
Quando entrámos, a pandemia já tinha começado… eu fazia parte doutra direção como vice-presidente e fiquei como presidente da direção seguinte. Já tínhamos fechado por causa da pandemia e depois a Sra. Júlia, que estava a tomar conta do bar e do edifício, acabou por se reformar. Por um lado, tivemos dificuldade em encontrar alguém que assegurasse o serviço do bar… também porque é uma hora muito ingrata para as famílias e não existem muitas pessoas com disponibilidade para assegurar um horário na hora em que toda a gente está a jantar. Por outro lado, verificamos que as pessoas que frequentavam o bar já não eram muitas… notou-se que as pessoas ficaram com medo de sair, e, de facto, ficámos com o bar muito vazio. Já havia problemas de assiduidade porque os sócios que cá vinham já não eram muitos… as pessoas perderam o hábito de jantar e vir aqui tomar o cafezinho, ver um pouco de televisão, jogar umas cartas… perderam esse hábito e ainda hoje temos muita dificuldade em ter pessoas aqui.

JSF:
O Sr. disse no Diário de Aveiro que o CER iria realizar mais exposições de livros, de quadros e assim… já efetuaram alguma coisa sobre isso?

FM:
Depois da sua exposição ainda não temos nada em concreto com ninguém, até porque neste momento estamos a fazer algumas remodelações internas. O segundo andar do CER vai estar ocupado por outras entidades que têm protocolo connosco, de forma a ajudar a manutenção do espaço… a direção, por exemplo, vai descer para o rés do chão para aquilo que era a sala de leitura, e portanto nós estamos muito ocupados com isso. No entanto, está no objetivo desta direção fazer com alguma regularidade esse tipo de atividades… há inclusive uma atividade que começámos a fazer em parceria com uma escola de dança de Aveiro, que são os bailes ao domingo; um sócio antigo esteve presente no dia do baile e disse: “Isto é uma maravilha! Eu no meu tempo dançava que me fartava!”… pessoas como ele estão contentes por estarmos a reativar os bailes e aliás já temos um baile todos os meses no primeiro domingo de cada mês. Das 4 às 8 há baile! Seja com um músico ou disc jockey: há baile!

JSF:
Fui, outrora, participante em jogos de Sueca, torneios de bilhar… mas não se têm realizado, não seria possível?”
Fernando Morgado:
“Não temos feito e há uma razão: tal como acontece com o baile, é preciso ter alguém de fora, ter um parceiro que comece… que dê o “pontapé de saída”, porque com as pessoas que frequentam habitualmente o CER, não é fácil.

João dos Santos Ferreira:
O Eco de Vagos fez notícia dos torneios de ping-pong no pavilhão, mas não falou sobre os que aconteceram no CER… pergunto se tem perspetivas para o CER para além da realização das exposições?

FM:
Nós queremos que as exposições se tornem o mais regulares possível. Não sabemos se temos pessoas capazes de ocupar um mês e tal como o Sr. João fez… foi uma experiência que a direção achou muito interessante: um resultado impecável. Queria ainda referir que apesar de muitas das atividades serem viradas para os sócios, o CER oferece também atividades para não sócios – por exemplo as mesas de bilhar que, no verão, estiveram ocupadas por vários jovens. Temos que admitir que este espaço é muito bom até porque em Vagos não há nenhuma casa com bilhares assim… há uma proposta do seu neto Tiago para fazermos um “Microfone Aberto”… para já a direção está a ponderar para depois ver se avançamos ou não. Este projeto seria divulgado a pessoas de Vagos e de fora com o intuito de trazer gente… por exemplo os bailes trouxeram gente: a própria escola trouxe os dançarinos. Claro que além destas atividades, o CER acolhe outras instituições como é o caso da filarmónica, o Orfeão e O Ponto. Queria ainda dizer que o auditório se encontra em permanente atividade quer por via de outras instituições, ou até da Câmara Municipal. Existe também a ideia de voltar a ter atividade própria do CER no auditório: o exemplo que me ocorre, que já tínhamos feito há uns anos e que parou com a pandemia, eram “Os Sabichões”.

Na foto estou eu, João dos Santos Ferreira, à esquerda e o Sr. Fernando Morgado, à direita.
A foto é da autoria do meu neto Tiago Matos, que também gravou a entrevista e a quem muito agradeço.

João dos Santos Ferreira

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