O CANTINHO DE JOÃO FERREIRA
Desta vez lembrei-me escrever acerca de António Vilar que foi outrora um grande ator de cinema
que levou o nosso País por várias nações do mundo. Refiro-me a António Vilar, de quem comecei a ver filmes em tenra idade, como “Amor de Perdição”, onde contracenava com Cármen Dolores, não há muito tempo falecida, António Silva e Assis Pacheco entre outros, já todos falecidos.
“Amor de Perdição” a que me refiro, vi-o no antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de Vagos, num improvisado salão, onde ali vinham exibir filmes, empresas itinerantes, que ao mesmo salão, que ardeu, trouxeram também “Inês de Castro”, “Camôes” e “A Vizinha do Lado”. Todos interpretados por António Vilar, embora em “O Pátio das Cantigas tivesse António Vilar, no modesto papel de Carlos Bonito, onde os intérpretes principais eram António Silva e Vasco Santana.
Já no papel de D. Diniz em “Rainha Santa”, vi António Vilar no salão do edifício antigo do C.E.R (Centro de Educação e Recreio) onde também vi “A Mantilha de Beatriz”, onde António Vilar contracenava com Virgílio Teixeira, que com ele, Vilar, também entrava em “Rainha Santa”.
Já agora diga-se que os filmes portugueses no antigo quartel do B.V.V. eram pelo preço de 1$50 cada entrada, enquanto no C.E.R. cada entrada já era pelo preço de 4$00. Mais tarde vi os filmes com António Vilar, mas no “Atlântico Cine Teatro” em Ílhavo, no Salão que mais tarde ardeu. Ali vi também António Vilar nos filmes ” O Grande Industrial”, filme italiano e o filme francês “Sharezad”,, onde também vi “O Primo Basílio”, com António Vilar no papel de Basílio de Brito, primo de Luísa, extraído do romance de Eça de Queirós, em que o referido filme teve realização de António Lopes Ribeiro. Foi o filme “Camões” que proporcionou a entrada de António Vilar em filmes em Espanha, Brasil, França e Itália..
Recordo de Espanha os filmes “Cristóvão Colombo e a América”, onde também entrava o grande ator Virgílio Teixeira, acerca de quem um dia aqui também escreverei, pois até representou em Hoollywood, em “O Regresso dos 7 Magníficos”, “Duelo no Rio Grande” e outros filmes.
Dos filmes realizados em Espanha, para onde António Vilar foi viver e onde viria a falecer, vi “Rua Sem Sol” e “Uma mulher Qualquer”, mas estes foram por mim vistos no Salão de Cinema da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, onde comecei a ver filmes nos meus já longínquos 16 anos, com o cartão, por 1 escudo, com o meu amigo António Mário Pereira. O que me levou a escrever este artigo foi o facto de ter em meu poder uma foto, em que António Vilar está ao lado de Brigitt Bardott, no filme “A Bela e o Fantoche”, título em português.
Esse filme não o vi, assim como não vi o filme que António Vilar interpretou no Brasil. Mas o filme “O Grande Industriai” vi-o e até possuo o romance a que tenho a ele ligada uma interessante “história”, que aqui não revelo.
António Justiniano da Rocha Vilar dos Santos nasceu Lisboa em 31 de outubro de 1912 e faleceu em Madrid em 15 de agosto de 1995. Em 1931 fez figuração em “A Severa”, filme que foi o primeiro filme sonoro português, realizado por Leitão de Barros, um grande realizador de outros filmes, como “Camões” onde também foi intérprete António Vilar. Em 1942, António Vilar foi caraterizador em “Feitiço do Império”, que versava acerca de coisas em África, quando era colónia portuguesa. Vilar também foi ligado ao Teatro D. Maria II e teve uma vida diversificada, só entrando tarde no Cinema, como Carlos Bonito em “O Pátio das Cantigas”, em 1942, onde entravam esses “gigantes” Vasco Santana e António Silva, em filme realizado por Ribeirinho. Um ano seguinte, Vilar entrou em “Amor de Perdição”, onde fazia o papel de Simão Botelho.
Como digo no início não vi o filme em que António Vilar contracenava com Brigitt Bardott, essa linda francesa de que só vi dois filmes, um em França e outro em Portugal. O da França tinha o título as “As Rainhas do Petróleo” e o que vi em Portugal tinha o título “E se D. Juan fosse uma mulher?”
A foto é do filme “A Bela e O Fantoche”, titulo em português.
Nota final:- Quando já tinha preparado este artigo soube da morte de Gina Lollobrigida que nos deixa aos 95 anos de idade e foi intérprete de dezenas de filmes, cujo primeiro que vi foi em Cascais nos meus 22 anos, em 1954 e tinha o título de “Pão, Amor e Fantasia”. Um dia também aqui falarei dessa grande artista italiana.
João dos Santos Ferreira