O CANTINHO DE JOÃO FERREIRA
Nos trabalhos que escrevo para o “Eco de Vagos”, tenho vindo a lembrar algumas figuras do passado que, de qualquer maneira, fizeram quanto estava ao seu alcance para dignificar um pouco a terra onde nasceram e ou onde viveram. Escrevi acerca do sr. José Mateus de Almeida Júnior, “Cilita” Gonçalves, de Vagos e do sr. João da Frada, este de Mira, mas que morou muitos anos em Vagos, onde faleceu mas que fez muito pela vila que muito amou. Escrevi também acerca do sr. José Moreira, de Soza homem muito ligado à Música e ao Teatro, desde os “verdes anos” até idade avançada.
Desta vez vou falar um pouco de um vaguense, que andou a levar o nome de Vagos por muitas nações, visto que até esteve atuando na Rússia, acompanhando um genial fadista, já falecido.
O Armindo começou quase criança a trilhar os caminhos da Arte pois, antes de ir cumprir o serviço militar, no quartel de Vale Formoso, no Porto, já tinha fundado, anos antes, o “Conjunto Armindo Fernandes” que, em 1965, numa quarta feira da Festa do Espírito Santo, se havia “batido” galhardamente, com o Conjunto Nelo Garcia, do Porto no largo onde estava instalada a Câmara Municipal de Vagos.
O “Conjunto Armindo Fernandes”, teve pouco tempo de atividade, devido ao serviço militar, não só do Armindo, o fundador, como de outro, o “Pinguinhas” do Lombomeão, que foi para o Ultramar, felizmente ainda vivo. Vivo também está o José Carlos Fernandes, irmão do Armindo. Dos do Conjunto morreram o “Tito” Mouro, muito jovem e o António Gil, o vocalista.
Quando eu detinha a propriedade do”Eco de Vagos”, que foi desde 1978 até 2014,que fui forçado a desistir, em virtude da doença e da morte de minha esposa, durante a posse do periódico muito me referi ao Armindo Fernandes, não só às atuações que ele tinha pelo mundo, como até mesmo no inicio da sua carreira. Neste momento e na impossibilidade de narrar em pormenor toda a sua atividade artística irei referir as coisas que me parecem mais interessantes. Tenho aqui, à minha frente um exemplar do jornal, “Eco de Vagos” no seu quase início, onde falo no Armindo, na atuação de um espetáculo de beneficência realizado no restaurante “Mariluz”, então situado no centro de Vagos, com marcação de mesas, cujos lucros reverteram em prol dos Bombeiros Voluntários de Vagos. O jornal é de julho de1977 e, a encimar o título da notícia esta traz o seguinte: “GRANDE NOITE DE FADOS EM BENEFÍCIO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE VAGOS”. Na mesma notícia vem uma foto, a preto e branco, em que está o Armindo, o seu irmão João e seu pai Armindo, onde o famoso guitarrista vaguense estava a atuar no restaurante “Tabuinhas” em Cascais. Na foto, estão seu irmão João e seu pai Armindo, estando um à esquerda e outro à direita e o guitarrista e o viola atuando, ao centro.
Armindo Fernandes teve diversas casas de fado, onde acompanhou os mais diversos artistas, começando com o “Galeão”, em Vagos depois de idas para Lisboa onde acompanhou os artistas de maior renome por toda a parte do mundo. Esteve diversas vezes em Newark, também em espetáculos em que o dinheiro angariado revertia para instituições do concelho onde nasceu. Teve casas de Fados em Vagos, Ílhavo e Gafanha da Vagueira. Recebeu, do município a medalha de prata e nessa noite em espetáculo, na Vagueira, teve lá fadistas de renome e a própria fadista Fernanda Batista, que eu comecei a ouvir no “Fado da Carta”, nos meus 11 anos e nunca esqueci e que cantou no filme “Sol e Touros”. Armindo também atuou várias vezes nas festas de Vagos e atuou com Cidália Moreira, no Dia de Portugal, na cidade da Guarda, onde esteve a luso francesa Marie Miriam que venceu a Eurovisão.
Muito mais haveria que falar de Armindo Fernandes, mas o espaço não me permite o que guardarei para um outro trabalho.
João dos Santos Ferreira