O GRECAS de Santo António – muito possivelmente o clube de maior dimensão competitiva do concelho de Vagos – foi oficializado em 1984, através de escritura pública, embora tenha antecedentes de prática desportiva informal que datam da década de 1970 (1976/1977, mais precisamente).
João Mário Rocha (atual presidente da Direção) e Fernando Capela, sócio fundador, treinador e desde sempre o principal impulsionador do clube, descrevem-nos a realidade deste clube desde as suas origens, até à atualidade.
As origens
15 de janeiro de 1978 é a data da primeira prova de Atletismo com a participação de atletas do GRECAS. Antes, o clube informal dedicou-se sobretudo à prática do Futebol – numa versão de desporto popular informal, muito na linha da política de desenvolvimento proposta pela Direção Geral dos Desportos (DGD) que pretendia criar, em cada aldeia, núcleos de prática desportiva.
Fernando Capela tinha concluído recentemente o ensino secundário e era monitor de Futebol da DGD, competindo-lhe a dinamização desportiva de uma dada região – e é nesse sentido que, em conjunto com outros três Fernandos (Fernando Martins, Fernando Kalsas e Fernando Doutor), criam o clube.
A sua primeira sede foi em casa do Fernando Capela, na Lomba, local onde se realizavam os treinos e as reuniões. Dessa sede improvisada se evoluiu para outra, na Lomba (na Rua do GRECAS), até se fixar na sede atual, junto ao polidesportivo de Santo António.
Com o tempo, evoluiu-se do Futebol para o Atletismo – outra das modalidades muito incentivadas e apoiadas pelo Estado (através da DGD), nesse tempo pós-revolução.
E foi assim que o GRECAS encontrou a sua verdadeira vocação como clube de Atletismo. Atualmente é um dos mais importantes e conceituados clubes nacionais da modalidade e o a sua dimensão ultrapassa em muito as fronteiras concelhias – é um clube de dimensão nacional.
A organização
O GRECAS possui um elevado nível de organização, contando com 150 associados, um corpo diretivo que se renova com facilidade, um corpo técnico de qualidade, uma sede, um local de treinos (a pista do Estádio), estabilidade financeira, credibilidade e 4 carrinhas que asseguram as deslocações para treinos e para competições.
Mas mais importante, existem rotinas de organização, que asseguram elevados níveis de eficiência, que possibilitam que um clube de um meio pequeno, se encontre entre os melhores, a nível nacional.

A organização desportiva
O clube tem, atualmente, 107 atletas federados, dos 6 aos 76 anos, dispersos por muitas regiões do país e abrangendo todos os escalões competitivos e todas as especialidades (corridas, saltos e lançamentos), mas sendo cerca de 30% atletas em formação, de escalões jovens.
Possui um corpo técnico de 8 treinadores (do nível 1 ao nível 4-o mais qualificado) também dispersos por várias zonas do país e que enquadram atletas específicos.
O treinador Manuel Rocha assume a função de Diretor Técnico, competindo-lhe a coordenação da equipa técnica e a gestão da participação competitiva (assegurando as inscrições nas provas) e a gestão das reuniões quinzenais.
Os 107 atletas estão um pouco dispersos pelo país, havendo 3 núcleos principais: Vagos (coordenado pelos treinadores F. Capela e M. Rocha, com 50% dos atletas), Ovar (coordenado pelo Prof António Beça e com 20 atletas) e Aveiro (coordenado pelo treinador Mário Cordeiro e com cerca de 10 atletas. Existem ainda pequenos núcleos de 2 ou 3 atletas (em Évora, Castelo Branco, Lisboa e outros).
A organização desportiva é descentralizada – aspeto comum aos desportos individuais – estando cada atleta numa zona (a sua zona de residência), ligado a um treinador específico e cumprindo o seu plano de treino, muitas vezes treinando sozinho e reunindo-se nas competições.
Os treinos
Atualmente, os treinos decorrem na pista do Estádio Municipal de Vagos, todos os dias da semana, entre as 18:30 e as 21 horas. Existem muito boas condições de treino, mas nem sempre foi assim: evoluiu-se dos treinos de rua (na Lomba, nos anos 70), para os treinos no polidesportivo de Santo António (anos 80 a 2000), nas pistas de Atletismo de Oliveirinha e da Universidade (ambas no concelho de Aveiro), devido à maior exigência competitiva.
Só após a conclusão da pista de Vagos é que o GRECAS se pode fixar como clube residente, melhorando as condições de treino, a sua organização e, naturalmente, os resultados desportivos.

Os resultados desportivos
É impossível quantificar o palmarés do GRECAS e diversos são os títulos nacionais e as presenças nas seleções nacionais– não contabilizando os títulos regionais e distritais.
Praticamente não existem fins-de-semana livres, porque há sempre atletas em competição.
Em seniores, na competição de pista ao ar livre, o GRECAS compete na 2ª Divisão Nacional (Masculina e Feminina), correspondente ao intervalo entre o 9º e o 16º classificado.
Na pista coberta, em seniores, o GRECAS participa na 1ª Divisão Nacional, ou seja, está entre os 8 melhores clubes nacionais.

Orçamento
Em 2021 clube teve uma receita de 54 mil euros, sendo 2/3 provenientes do subsídio municipal e dos patrocinadores Prifer e J. Prior. Os restantes 30% resultam de receitas próprias: quotizações e donativos dos 150 associados, exploração do bar do Estádio em dias de eventos de Atletismo e na sede do clube, organização de eventos (meeting e cross de Vagos) e outras receitas. As despesas aproximaram-se deste valor, não existindo deficit.

Sendo aparentemente um orçamento elevado, torna-se escasso pelo elevado número de atletas e pelas deslocações em praticamente todos os fins-de-semana.

A colaboração entre o AEV e o GRECAS
Desde sempre existiu um elevado nível de cooperação entre as duas entidades e essa boa relação traduzia-se sempre no aumento do número de praticantes do GRECAS (“encaminhados” pela Escola) e nos bons resultados desportivos nas provas escolares de Atletismo.
Durante muitos anos, essa foi a realidade e o AE Vagos tinha praticamente sempre excelentes resultados desportivos no Atletismo, com alunos nas fases nacionais: no Corta-Mato, no MegaSrinter e no Atletismo. Nos últimos anos os resultados têm decrescido, em consequência de falhas nessa colaboração; há, portanto, que a reativar.

AEV

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