A enurese noturna corresponde à perda de urina durante o sono, de forma involuntária e inconsciente, numa criança que já devia ter controlo de esfíncteres. Em Portugal, estima-se que 1 em cada 5 crianças em idade pré-escolar faz xixi na cama pelo menos uma vez por semana. É a partir dos 5 anos que começa a ser preocupante as crianças ainda acordarem com a cama molhada.
É mais frequente nos meninos e há muitas vezes história de problemas semelhantes com um dos pais ou avós. Pode acontecer por diversos motivos, tais como treino inadequado de esfíncter (desfralde demasiado precoce ou tardio), higiene inadequada, crianças com sono excessivamente profundo o que dificulta o acordar a meio da noite (seja porque estão cansadas ou pelas suas caraterísticas individuais) e a presença de algum stressor psicológico.
No sentido de tentar resolver este problema, há alguns conselhos importantes a ter em conta:
• Não culpar, nem humilhar – a criança não o faz de forma intencional, pelo que é importante que os pais a tranquilizem e apoiem;
• Evitar os líquidos a partir da hora de jantar e colocar a criança a urinar antes de adormecer;
• Relembrar que se tiver vontade de fazer xixi durante a noite deve ir à casa de banho –crianças com medo do escuro, o acesso à casa de banho pode ser iluminado com luzes de presença;
• Fazer um calendário de noites secas e molhadas – recompensar as noites secas e não punir as noites molhadas;
• Exercícios dos músculos pélvicos – tentar que a criança evite fazer xixi logo que sente vontade, pois isto ensina-a a controlar a saída de urina.
Na maioria dos casos, a enurese é uma situação isolada, ou seja, sem outros sintomas associados e que geralmente resolve com o tempo. No entanto, há situações que devem motivar a observação por parte de um médico, são elas: queixas a urinar (dor, ardor, cheiro fétido), perda de fezes associada, sede excessiva, perda de peso, urina muito abundante, Alterações de humor (triste, não brinca, irritável, sem apetite).
Importa reforçar que as crianças com enurese não o conseguem controlar e não o fazem de forma intencional e que por isso não devem ser castigadas nem penalizadas.
Se nenhuma das medidas acima mencionadas for eficaz, procure o seu médico assistente!
Dra. Márcia Moreira Costa
Médica na USF Senhora de Vagos