A 17 de junho de 2017 deflagrou, em Pedrógão Grande, um incêndio florestal que logo se alastrou aos concelhos vizinhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Sertã, Pampilhosa da Serra e de Penela.
No mesmo dia, os alertas davam conta de um outro incêndio de grande dimensão, no concelho de Góis, que acabou por chegar à Pampilhosa da Serra e Arganil.
Quase quatro meses depois, a zona Centro do País era fustigada pelos incêndios florestais… Vagos não foi exceção.
Cinco anos volvidos, lamentavelmente, parece que não aprendemos nada com o incêndio “mais mortífero da história do País” ou com aqueles que aconteceram no que veio a ser descrito por alguns como “o pior dia do ano em matéria de incêndios florestais”.
Diz o Primeiro-Ministro, António Costa, que “só não há incêndios se a mãozinha humana não provocar incêndios”.
Bem, basta sair de casa e percorrer algumas ruas da região para percebermos que, por todo o lado, há terrenos e bermas por limpar, ervas a uma altura incompreensível e, pior ainda, lixo acumulado nos lugares mais escondidos dos pinhais. Vou arriscar dizer que todos concordamos que estão reunidas as condições para que, bastando uma ignição, deflagre um incêndio.
Mas, porquê? Porque é que sempre que chega o calor e as temperaturas altas, somos “assombrados” com este problema? O que é ou quem é que está a falhar? Já não devíamos ter aprendido?
Podemos não ter colocado o cigarro ou o fósforo que fez deflagrar o incêndio que aparece depois para nos aterrorizar, mas de alguma forma podemos ter culpa no cartório. Basta não cumprirmos com as nossas obrigações e deveres, ver que “aquele” vizinho depositou lixo no pinhal e não apresentar queixa ou não denunciar o que não cumpre com a obrigatoriedade de limpeza dos seus terrenos. Todos somos, de alguma forma, culpados.
Se mesmo depois de tudo o que passámos – com os incêndios de 2017 e com dois anos de pandemia que nos limitaram a nossa liberdade e segurança -, não aprendemos nada, sinceramente, acho que não há fé que salve a humanidade.
Parece que, no final de contas, não “vai ficar tudo bem”, como tantos gritaram a plenos pulmões nas varandas de suas casas ou pelas ruas durante o confinamento.
Sara Sampaio Alves
Jornalista